O que me incomoda profundamente no caso do goleiro Bruno é simplesmente o fato de que "Poxa, o goleiro do Flamengo, campeão brasileiro, fazendo isso?". E eu digo: "E daí?". Ele deve servir de exemplo pra quem? Pra ninguém. Pouco importa se ele é o goleiro do Flamengo, o coadjuvante da novela das 15 horas do SBT ou o anônimo que não faz diferença para ninguém no mundo. A sua condição não importa, uma vez que ele é também um ser humano e está sujeito a realizar coisas grandiosas ou miseráveis e assustadoras. Quem se lembra da história de Lucius Domitius Ahennobarbus, mais conhecido como Imperador Nero, sabe muitíssimo bem o que estou dizendo.
O psicanalista Jorge Forbes escreveu um artigo nO Estado de São Paulo (clique aqui) que diz tudo (inclusive conversei com o Velho Marinheiro muitas vezes sobre isso), e para mim encerra o assunto, porque é deprimente ligar a televisão e ouvir este caso toda hora. Um trecho:
Podemos pensar em uma explicação paradigmática, além das particularidades de cada caso, o que o mais das vezes só anda tampando o sol com a peneira: foi o pai violento, a mãe alcoólatra, as más companhias, a péssima educação, o irmão psicopata, etc. Ocorre que a saída da pobreza e do anonimato para a riqueza e a fama, subitamente, gera uma forte crise de identidade. Ter sucesso é cair fora; na palavra "sucesso" existe a raiz "ceder, cair". Quem tem sucesso cai fora do seu grupo habitual de pertinência. Tom Jobim não tinha razão quando dizia que o brasileiro não desculpava o sucesso, pois nenhum povo desculpa, só variam as maneiras de demonstrá-lo. A máxima de Ortega y Gasset ainda é válida: "Eu sou eu e a minha circunstância". E quando a minha circunstância muda abruptamente, fica a pergunta profundamente angustiante: "Quem sou eu?", que fundamenta a crise de identidade.
O psicanalista Jorge Forbes escreveu um artigo nO Estado de São Paulo (clique aqui) que diz tudo (inclusive conversei com o Velho Marinheiro muitas vezes sobre isso), e para mim encerra o assunto, porque é deprimente ligar a televisão e ouvir este caso toda hora. Um trecho:
Podemos pensar em uma explicação paradigmática, além das particularidades de cada caso, o que o mais das vezes só anda tampando o sol com a peneira: foi o pai violento, a mãe alcoólatra, as más companhias, a péssima educação, o irmão psicopata, etc. Ocorre que a saída da pobreza e do anonimato para a riqueza e a fama, subitamente, gera uma forte crise de identidade. Ter sucesso é cair fora; na palavra "sucesso" existe a raiz "ceder, cair". Quem tem sucesso cai fora do seu grupo habitual de pertinência. Tom Jobim não tinha razão quando dizia que o brasileiro não desculpava o sucesso, pois nenhum povo desculpa, só variam as maneiras de demonstrá-lo. A máxima de Ortega y Gasset ainda é válida: "Eu sou eu e a minha circunstância". E quando a minha circunstância muda abruptamente, fica a pergunta profundamente angustiante: "Quem sou eu?", que fundamenta a crise de identidade.