quarta-feira, 28 de abril de 2010

O escolhido


Milton Santos é meu novo herói!

- É difícil ser um intelectual negro no Brasil?
- Eu diria que é difícil ser negro e ser intelectual.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Ilusão da ascenção

Lendo o blog do historiador Rodrigo Lacerda (Clique aqui) sobre a classe média brasileira, não podia deixar de fazer algumas observações. Apesar de simples, elas são o centro da minha idéia sobre esta chamada classe média. E minha falta de tempo não permite que eu discurse por muito tempo sobre.

- As pessoas com quem tenho a oportunidade de conversar sobre assuntos sociais e políticos sabem que sou da seguinte opinião: não existe classe média. No fundo, Marx tinha razão. Só há duas classes: burgueses e proletários. Adequando essas terminologias para nossa sociedade (muito mais complexa que a do velho barbudo), recorro a Ricardo Antunes que diz: só há duas classes: uma que vive do capital e outra que vive do trabalho.

- No entanto, não posso negar que no Brasil é evidente (e as pesquisas mostram e comprovam) que existe um grupo (hoje soma 52% da população brasileira) "intermediário", conhecido como classe média. Mas quem são essas pessoas? Trata-se, a meu ver, de um grupo sem identidade, de uma classe, como disse Lacerda, politicamente orfã.

Como justificativa, atenho-me aos seguintes argumentos:
Primeiro: É uma classe que está consumindo demasiadamente. É o grupo que está sustentando a classe que está acima, mas este grupo não pode se atraver a tomar o poder desta classe de cima: "Enquanto você melhorar a economia do país, tudo bem. Ótimo para mim, ótimo para você. Mas coloque-se no seu lugar, que não é no topo da pirâmide". É mais ou menos assim.
Segundo: Já que o assunto é melhoria, é fato e os números indicam que a economia do país está melhor. Claro, quanto mais se consome, mais o país produz, mais "ele vai pra frente". Mas essa mudança nos números não indicam uma mudança qualitativa. Este grupo está gastando mais, mas e a educação? E a saúde? Sabemos que essa melhoria fundamenta-se em dados estatísticos, descartando a qualidade do desenvolvimento.
Terceiro: Justamente por isso, vejo um retrocesso do ponto de vista intelectual deste grupo chamado "classe média". Preferem comprar o sapato da estação do que um livro. Preferem passear em shoppings do que em museus.
- A ilusão da ascenção deste grupo é tão medíocre que ele não percebe que no capitalismo não tem lugar para todo mundo. O sistema "vomita", surgem as crises, e os que mais sofrem não são os donos das empresas bilionárias que pedem concordata, mas os pais de famílias que são demitidos como se fossem um nada.
- É verdade que hoje uma boa parte da classe média pode dizer que vai ao cinema, que tem plano médico e um carro 1.0 na garagem. O que não pensamos é que isto deveria ser o mínimo, o básico de todas as pessoas. A classe média vê isso como glória. E não é. Mas como para conseguir tais benefícios a imagem de esforço e trabalho é intrínseca ao processo de aquisição de bens, encara isso como uma conquista. E, para coroar a obra, acredita que pode vencer se continuar a trabalhar para novos investimentos mercantis, mas não em qualidade.

Observação: não posso generalizar e dizer que todos que estão economicamente neste grupo são desprovidos de identidade e se preocupam mais com o consumo do que educação, por exemplo. Mas isso serve para pensarmos que, num país de tamanha dimensão como o Brasil, a maior porcentagem (repito: 52% da população) compõe um grupo repleto de contradições, que, afirmo com convicção, tem o poder nas mãos para transformar a sociedade. Afinal, soma mais da metade da população brasileira e, tendo em vista a democracia, é maioria. O problema é: ela quer mudar? O que quer mudar? Como mudar? Ela se preocupa em mudar?

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Racismo é racismo

Este é o título do post mais recente no Blog do Tironi (clique aqui para ler) a respeito do ocorrido ontem no Palestra Itália no jogo entre Palmeiras e Atlético Paranaense.
Sou palmeirense, mas se este fato tivesse ocorrido em outro jogo (como já aconteceu diversas vezes, inclusive o próprio técnico do Palmeiras Antônio Carlos já esteve envolvido numa acusação de racismo), teria comentado de qualquer forma.
É difícil de acontecer, mas quando o preconceito fala mais alto dentro do campo, isso vira assunto nacional, mas com um debate precário.
Certo mesmo foi o jogador Manoel do Atlético em não retirar a queixa após ser chamado de "macaco" pelo palmeirense Danilo. O jogador, por ter apenas seus 20 anos, mostrou-se extremamente consciente do que ocorreu no momento em que foi discriminado e fez muito bem em não esquecer a situação. Como disse o Tironi, racismo é racismo dentro e fora de campo. Ser chamado de macaco não é só ser chamado de "preto" por causa da cor, é reduzir o homo sapiens a um verdadeiro animal (e olha que não estamos discutindo a inteligência dos macacos, mas o caráter depreciativo quando um ser humano é reduzido a simples animal, sem capacidade para pensar e agir racionalmente).
Temos aqui algumas referências sobre este tipo de preconceito. Racismo é preconceito. "Considera-se como preconceito racial uma disposição (ou atitude) desfavorável, culturalmente condicionada, em relação aos membros de uma população, aos quais se têm como estigmatizados, seja devido à aparência, seja devido a toda ou parte da ascendência étnica que se lhes atribui ou reconhece", escreveu Oracy Nogueira¹, em estudos sobre o preconceito de marca e o de origem.
Não podemos descaracterizar o debate. Isso é assunto para conversas em sala de aula, em rodas de boteco, para os que estão pegando o carro e caindo na estrada. De onde vem tanto preconceito? Estes pré conceitos são culturais? E quando ouvimos as famosas frases: "você sabe com quem está falando?" ou "quem você pensa que é?" não são formas de manifestar um preconceito, seja ele de inferioridade de um ser humano, reduzir o outro o quanto for possível ou detectar aspectos físicos (traços, fisionomia, gestos) que permitem algum tipo de associação?
O que é preciso entender, também, é que quando ouvimos comentários que generalizam determinado grupo de cor com suas condições materiais e sociais, o processo histórico de exploração e dominação é esquecido.
Há muito para ser discutido, e muitos caminhos para conduzirem a discussão. O importante é não deixarmos o momento passar!

ps: apesar de conhecer um ou dois são paulinos que eu realmente gosto e tenho certa admiração, e já que o assunto é preconceito, muitos que gostam e acompanham o futebol não percebem o seguinte fato: ser chamado de "bambi", fazendo apologia ao homossexualismo (como algo ruim, evidentemente), é algo que quase todos os torcedores do São Paulo aguentam e convivem, como se isso não fosse preconceito. Agora, chamar um corinthiano, flamenguista ou qualquer outro de macaco é um preconceito maior que dá cadeia? Preconceito é preconceito, racismo é racismo. É binário: ou é ou não é, não há intensidade.

Nota: 1 - Oracy Nogueira: Preconceito racial de marca e preconceito de origem. Oracy Nogueira foi professor de Sociologia na Escola Livre de Sociologia e Política e na Universidade de São Paulo.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Uma nova idéia para uma nova tentativa

Começarei da mesma forma que Nikolai Gogol começou uma vez.

Aconteceu-me hoje uma aventura insólita.

Em 10 segundos um grande amigo disse algo que já estou pensando há horas:
- Esqueça o computador, deixe-o por último e aprecie o papel. Ele respeita mais o cérebro.

De fato. Quando o som de máquinas e homens se misturam no ar, as coisas perdem seu verdadeiro sentido, nós nos desorientamos.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sobre a ilusão

Aqui,
O senhor sabe o que é verdade?
E o que é mentira, senhora?
Se o riso é falsidade?
Se está sentindo o que chora?
Aqui,
Não importa a realidade.
O senhor é que importa.
Fazer a sua vontade,
Contar-lhe a melhor história.
Aqui,
Seja levado e prefira
A mentira da verdade,
A verdade de mentira.

Sempre foi. É assim que termina a história.

A CENA!
Não tem mais sentido. E era tão bom! Acabei me esquecendo... Pensei que era pra sempre.
Sempre?!
Sempre não existe, não é?