terça-feira, 12 de janeiro de 2010

E então?

O último pensamento pretende pensar e (re)construir aquilo que a metamorfose de valores proporcionou: a perda de referencial, fato típico dos tempos líquidos que nos deparamos e, sobretudo, vivemos. Sêneca nos avisou tempos atrás: se o homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável.
Edgard Scandurra, num período muito posterior, pareceu estar perdido quando declarou que "essa vida é jogo rápido para mim ou pra você. Mais um ano que se passa e eu não sei o que fazer".
Aceitando ou não, a realidade está provida de ilusões perdidas, ela nos apresenta uma época difícil, desencantada, vendida e desconfiada, marcada pelo cansaço, não por causa de rotina ou pelas poucas novidades, mas justamente em função do turbilhão de informações, da construção de esteriótipos, do ritmo desenfreado que devemos estar a todo momento e da busca de princípios que todo homem procura (talvez porque desconfie que tenha perdido os seus).
Assim, escrever é uma forma de resistir e dar continuidade ao processo de construir reflexões que nos permitem conhecer o mundo para, depois, negá-lo e transformá-lo.